Ser mãe e ser médica: quando os papéis se enrolam; afinal, o coração é um só.
Coluna da confissão
Uau, que semana desafiadora.
Aqui, venho para a minha confissão semanal (isso tudo aconteceu há 2 semanas e precisei digerir para vir escrever)
Ser mãe e médica ao mesmo tempo é uma jornada desafiadora, mas, também repleta de gratificação. Desde o início, minha visão da medicina sempre foi tingida de idealismo. Para mim, a medicina não era apenas uma profissão, mas uma vocação, um chamado para aliviar as dores do mundo, para ser a voz daqueles que muitas vezes não têm voz.
Não me deixei seduzir pelos luxos da profissão médica. E aprendi, a não julgar quem decidiu por esse caminho, tem espaço para todos. Para mim, o cerne da medicina sempre foi o cuidado, a empatia e a compaixão. Sempre tive dificuldade em dizer não, porque minha missão era ajudar aqueles que precisavam, independentemente das circunstâncias. E posso dizer que, em plena pandemia, sofri um burn out exatamente pela mesma razão, viver o meu propósito, sem entender, ou melhor dizendo, sem respeitar os meus limites.
Entretanto, mesmo com toda a minha dedicação e empenho, vi-me confrontada com uma situação que abalou minhas convicções. Minha própria filha, lutando com TDAH, dependia de cuidados que eu acreditava serem fundamentais para o seu bem-estar. Ela estava indo bem, estava recebendo tratamento há 2 anos: terapia com psicóloga, acompanhamento com neurologista, diversas terapias de suporte no Brasil como fono, aqui no Panamá, tentamos o neurofeedback também. Ela vinha superando desafios diários, tínhamos altos e baixos, mas, sempre focando no alto e nas conquistas; até que o fornecimento do medicamento essencial para seu tratamento acabou- e não foi de repente, e nem foi por falta de atenção nossa.
Alguns dias antes de acabar, entrei em contato com em busca do suporte que ela necessitava. A mesma médica, que supostamente deveria cuidar da minha filha, pois já a tinha consultado 2 vezes e seguia o seu desenvolvimento, disse que nao daria a receita e nem tinha horario para a consulta.
Isso mesmo, fui em busca de suporte, mas o que recebi foi uma negativa fria e simples. A médica não estava disponível para uma consulta ou mesmo para prescrever o medicamento, deixando minha filha sem suporte. E os dias foram passando…
Ver minha filha enfrentando dificuldades sem o apoio adequado foi uma experiência angustiante. Seu desempenho escolar começou a declinar, seu sono e cansaço aumentaram, e sua irritabilidade obscureceu sua alegria natural e amorosidade. A escola me ligava dizendo que minha filha estava muito área, pouco participativa e que até dormiu no chão da sala.
Meu mundo estava prestes a cair.
Como mãe e médica, senti uma dor dobrada. Afinal, sei que o TDAH, muitas vezes, passa despercebido e carece da mesma empatia que outras condições. Para muitos, essas crianças parecem apenas desobedientes, quando na verdade enfrentam dificuldades reais: sociais, cognitivas, de aprendizagem.
Mas, apesar das adversidades, continuo lutando pelo bem-estar da minha filha. Além do medicamento, ela recebe terapia cognitiva, neurofeedback e pratica taekwondo, buscando sempre seu melhor desenvolvimento. Porém, a falta de compreensão e apoio na área médica é uma batalha constante, uma luta que não apenas eu, mas muitos pais de crianças com TDAH enfrentam diariamente.
Minha esperança é que, um dia, todas as crianças com necessidades especiais recebam o apoio e a compreensão de que precisam, tanto dentro quanto fora do consultório médico. E até lá, continuarei lutando, como mãe, como médica e como defensora incansável do bem-estar de todos.
Consegui através de uma rede de apoio, diversas indicações de profissionais, e conseguimos uma nova consulta com uma diferente profissional. Começar do Zero, avaliação (foi ótima e detalhista), nova conduta, diminuição de um dos medicamentos, retorno do outro. Reforçar: alimentação, sono e atividades que gerem prazer! Voltamos com o Concerta.
Em 3 dias, Luiza voltou a interagir melhor na escola, ser mais participativa. O humor ainda um pouco alterada, uma sensibilidade maior à frustração. Eu sigo com o plano, um dia após o outro. De verdade, não perco a fé. Todos os dias peço que eu seja a melhor mãe que posso ser para guiá-la e amar essa minha pequena como ela precisa.
Você tem filhos com neurodiversidade ou qualquer tipo de diversidade que necessita inclusão? Aqui é um espaço para compartilhar experiências.
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Saúde da mulher e como tirar melhor proveito dela! O que acham?
Beijos
amiga, eu me emocionei aqui... parece q qq coisa não faz sentido se as nossas criançãs não estao bem ne? eu nao consigo sentir as alegrias dos exitos em outras areas da vida se a Maya nao estiver bem. A Luli é incrivel e a forma q vcs enxergam ela e enfrentam td isso tb!
Amo o tema das proxima newsletter!