DNA e nossa saúde? Eu posso ir contra a minha genética?
SIM, você pode! Basta ser bem orientado para isso!!!
Pare de usar a desculpa da sua genética para tudo que faz de errado!!! Isso só vai servir para seus pais se sentirem culpados!!!
Sim, os genes passam de geração para geração, mas são os hábitos que fazem toda a diferença.
Estou lendo o livro Outlive: the science & arte of longevity, do autor Peter Attia sobre a longevidade e me trouxe alguns insights que quero compartilhar com vocês.
HISTÓRIA DO DNA
A estrutura tridimensional da molécula de DNA - a dupla hélice - foi descoberta em 1953, por Francis Crick, James Watson e Maurice Wilkins, quando trabalhavam em Cambridge, no Reino Unido e o resultado foi publicado em duas páginas da revista Nature, em 25 de abril de 1953, há mais de 50 anos. O prêmio Nobel lhes foi outorgado em 1962. Sem dúvida, como em outras descobertas, tributo deve ser feito a alguns predecessores como Gregor Mendel, cujas pesquisas sobre hereditariedade ficaram esquecidas por mais de 30 anos, até serem redescobertas em 1900, assim como Charles Darwin e sua teoria da evolução de 1958.
GENOMA
O genoma é a sequência completa de DNA (ácido desoxirribonucleico) de um organismo, ou seja, o conjunto de todos os genes de um ser vivo. O Projeto Genoma Humano iniciou-se em 1990 e tinha como objetivo determinar a sequência de todas as bases do DNA genômico e identificar e mapear os genes distribuídos em nossos 23 pares de cromossomos. A princípio, esperava-se que todos esses objetivos fossem alcançados após 15 anos de estudo. Entretanto, com o avanço da tecnologia, o projeto teve suas atividades finalizadas após 13 anos, em 2003. E eu lembro de tudo isso!!!
Entre os resultados obtidos no processo, podemos destacar a descoberta dos 3,2 bilhões de nucleotídeos que compõem o genoma humano e a identificação da função de cerca de 50% deles. Também é importante destacar que foi possível concluir que a sequência do genoma humano é 99,9% igual em todos os indivíduos. Interessante isso, não? O que nos torna diferentes? A expressão gênica.
Hoje se sabe que as informações contidas em nosso genótipo não possuem controle exclusivo sobre nossa identidade. Sendo assim, a expressão dos genes contidos em nossas células é mediada por diversos fatores em que a informação não está contida apenas no alfabeto do DNA.
Quem nunca teve curiosidade em saber o porquê gêmeos idênticos se comportam e se desenvolvem de maneira diferente, se a sequência de DNA é a mesma em ambos? E como se originam os diferentes tecidos de nosso corpo, se o material genético contido no núcleo das células é o mesmo?
Isso é por causa da Epigenética. Mas o que é epigenética, e por que é tão importante?
A epigenética é uma ciência que busca compreender como alterações na expressão de genes ocorrem sem alterações nas letras do alfabeto do DNA.
O interessante de tudo isso é que os mecanismos epigenéticos fornecem as células uma ferramenta adicional para ajustar como os genes controlam a maquinaria celular sem alterar a sequência de DNA, e leva a modificações que podem ser transmitidas às células filhas – como se algumas partes destacadas do texto fossem transmitidas adiante. Assim, de uma certa forma, você não está apenas modulando o que você é, mas também suas futuras gerações.
Segundo a epigenética apesar de as células possuírem a mesma informação (mesma sequência de DNA, constituição de genes, etc), algumas dessas informações são utilizadas e outras não.
Algo muito interessante sobre a epigenética, é que as expresses gênicas são flexíveis e podem mudar ou surgir durante nossa vida em resposta a influências externas.
Muitos traumas como sofrer abuso infantil, stress e passar fome ou ainda fatores externos como metais pesados, pesticidas, fumo de tabaco, radioatividade, bactérias e a alimentação podem influenciar em nosso desenvolvimento, pois, alteram as marcas em nosso DNA, resultando na alteração da expressão dos nossos genes e as vezes resultando em doenças. Isso também explica porque gêmeos idênticos, apesar de possuírem a mesma sequência de DNA são diferentes.
A diferente exposição e o contato com o ambiente resulta em diferentes marcas epigenéticas, que podem ser diferentes em cada um dos irmãos, resultando nas diferenças que observamos em cada um deles.
Assim, pode ser comprovado o efeito da dieta de uma mãe durante a gravidez sobre o fenótipo adulto de seus filhos e essas modificações foram diretamente ligado às mudanças epigenéticas na expressão de genes.
Não devemos negar é que a influência dos hábitos de nossos pais e antepassados juntamente com nossos hábitos atuais são os verdadeiros responsáveis por nossa identidade atual e qualquer influência ambiental capaz de alterar nossa composição genética pode influenciar nas gerações futuras.
Que tal pensar um pouco mais nas suas escolhas e ações atuais?
Testes genéticos são análises feitas em laboratórios que mapeiam no DNA que você herdou dos pais instruções capazes de indicar maior risco de doenças ou ajudar a escolher um tratamento. Além disso, podemos observar marcadores inflamatórios, tendências alimentares, metabolismo energético e muito mais. Mas, não estou aqui para te mandar fazer vários exames; sim, eles podem ajudar. Mas eu te garanto que mudar os seus hábitos terão um imenso impacto na sua genética.
Interessante não?
Quer um exemplo? Posso trazer alguns:
1- Em The Telomere Effect, um best-seller do New York Times do início de 2017, a psicóloga Elissa Epel – que pesquisou como a atenção plena e outros programas de autorregulação podem afetar o envelhecimento celular – juntou-se à fisiologista ganhadora do Prêmio Nobel Elizabeth Blackburn. Juntas, elas produziram uma revisão da ciência em torno de como os hábitos de vida podem alongar os telômeros (a estrutura na ponta de um cromossomo), que se acredita afetarem o processo de envelhecimento.
2-Foram identificados vários fatores de estilo de vida que podem modificar os padrões epigenéticos, como dieta, obesidade, atividade física, tabagismo, consumo de álcool, poluentes ambientais, estresse psicológico e trabalho noturno. (Alegría-Torres JA, Baccarelli A, Bollati V. Epigenetics and lifestyle. Epigenomics. 2011 Jun;3(3):267-77. doi: 10.2217/epi.11.22. PMID: 22122337; PMCID: PMC3752894.) Figura abaixo.
3-Atividade Física: O exercício regular pode causar alterações epigenéticas que levam à expressão genética benéfica à saúde. Estudos demonstraram que a atividade física consistente pode resultar em alterações na metilação do DNA (não se fixe nesses termos bioqu[imicos) no tecido adiposo, impactando a obesidade e o risco de diabetes.
De fato: As nossas escolhas relacionadas ao nosso estilo de vida e o nosso ambiente têm, portanto, a capacidade de desencadear modificações epigenéticas que têm uma influência significativa na nossa saúde.
PARA FINALIZAR:
Como já disse anteriormente:
“A Nossa genética é como uma arma carregada,
mas, são os nossos (maus) hábitos que apertam o gatilho.”
O que precisamos, muitas vezes, é de um guia nessa jornada, concorda?!
Um GPS da sua saúde!!!
Deixe seus comentários e falaremos sobre isso!!
Referências:
-Wikipedia
-www.unicamp.br
-Weinhold, B. Epigenetics: the science of change. Environ Health Perspect, 114(3): A160-A167, 2006.
-Jaenisch, R.; Bird, A. Epigenetic regulation of gene expression: how the genome integrates intrinsic and environmental signals. Nature Genetics, 33: 245-54, 2003.